Cada ano que passa, escutamos que o atual Brasileirão é “o melhor dos últimos tempos”. Acontece esse ano, aconteceu ano passado e tem sido assim desde que a fórmula de pontos corridos foi adotada por aqui. Contudo, tais afirmações parecem ser muito mais um ufanismo desmedido de nossa mídia esportiva que qualquer outra coisa, já que o Brasileirão ainda é um campeonato nivelado por baixo.
O principal argumento utilizado por aqueles que definem um campeonato como “o melhor dos últimos tempos” é a emoção. E, de fato, não há nenhum campeonato nacional como brasileiro, onde pelo menos 10 times começam a disputa como candidatos ao título; na Espanha, apenas os dois gigantes brigam pelo campeonato; na Inglaterra, é o top four mais o Manchester City que postula ao título; já na Itália, a briga fica restrita a Inter, Milan e Juventus, com eventuais surpresa. Mas até que ponto, no Brasil isto denota um Campeonato forte?
Em 2009, o Brasileirão terminou com o Flamengo com a faixa de campeão no peito. A arrancada do time carioca, que chegou a estar a mais de dez pontos distante do primeiro colocado, foi saudada por muitos como fator de emoção ao duelo. Embora o rubro-negro tivesse muitos méritos – Adriano em ótima fase, uma defesa experiente e excelentes laterais –, se tratava de um clube algo desorganizado.
Um time campeão necessita de algo além de bons jogadores: um ambiente sem conflitos, um planejamento bem estruturado e uma visão consistente do departamento de futebol. Nada disso era encontrado na Gávea. Ficou a impressão muito mais de incompetência dos outros times que deixaram uma equipe de certa forma desorganizada como a comandada por Andrade que propriamente de um campeonato forte. Devemos ressaltar que, se o planejamento do Flamengo não era muito bom, o dos oponentes deveria ser ainda pior, já que deixaram o time carioca dar a volta olímpica no final do ano. E isto só pode ser sinal de um Campeonato enfraquecido.
Outro argumento para qualidade do futebol nacional é o fato de jogadores de renome estarem voltando para cá. Mas Fred veio após problemas na França, Ronaldo para encerrar sua carreira, Adriano por problemas pessoais, Luís Fabiano fizera uma temporada ruim ano passado e sofreu com lesões, mesmo caso de Deco. O movimento de jogadores que voltam para cá ainda são daqueles que estão em fim de carreira ou que, por um motivo ou por outro, não deram certo na Europa, embora a tendência seja de mudança desse panorama. Juninho Paulista se aposentou no Ituano com 37 anos, e nem por isso podemos afirmar que o clube do interior paulista foi alçado a outro nível.
É claro que o Brasileirão vem melhorando. Os times cada vez se planejam melhor, o dinheiro para salários é cada vez maior e as contratações mais ambiciosas. Contudo, é um processo que demora, e por enquanto o Campeonato Brasileiro ainda é nivelado por baixo. Talvez ninguém tenha jogadores tão habilidosos quanto os nosso, mas nosso principal campeonato ainda deve muito às melhores ligas do mundo.
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