O total de queimadas no País neste mês já supera em 84% os focos
registrados no mesmo período do ano passado e traz um alerta de que a
situação pode se agravar ainda mais nas próximas semanas. De acordo com
dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) compilados por
imagens de satélite, entre os dias 1.º e 21 deste mês foram registrados
em todo o País 26,1 mil focos de fogo - sendo 16.858 só na Amazônia
Legal, com o Maranhão à frente. No mesmo período do ano anterior houve,
respectivamente, 14.149 e 6.885 casos.
O estado do Maranhão lidera o ranking de queimadas em todo o Brasil desde
o inicio do ano. O número computado apenas um por satélite
meteorológico como referência chega a 8.446 focos, um aumento de 235% em
comparação com o mesmo período de 2012. Nos 12 primeiros dias de agosto já foram acumulados 3.179 focos e nas últimas 48 horas foram identificados 392 focos.
A estiagem prolongada ajuda na propagação dos focos de calor,
principalmente no sul e leste do estado, as áreas que mais registram
queimadas neste momento. Somente no município de Mirador, dados do grupo
de monitoramento de queimadas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe)
mostram que desde o inicio de 2012 foram registrados 1.036 focos de
queimadas, seguido de Balsas, com 723 focos e Grajaú, com 603 focos.
Segundo Alberto Setzer, responsável pelo monitoramento de queimadas
no Inpe, o clima mais seco deste ano está favorecendo a propagação das
queimadas. "Mas o que nos preocupa é que o uso do fogo tem ocorrido de
maneira cada vez mais descontrolada e isso traz um temor pelo que vem a
seguir", diz.
Considerado o cenário dos anos anteriores, ele explica que os últimos
dez dias de agosto e todo o mês de setembro costumam ser o período mais
crítico para queimadas. "E pelo menos pelos próximos dez dias não há
previsão de chuva significativa para o Brasil central", afirma. Nesta
última década, o ano mais devastador em queimadas foi 2010, com mais de
50 mil focos registrados apenas nos primeiros 20 dias de agosto.
No Piauí, o número de focos de incêndios cresceu 112% em relação ao
mesmo período de 2011, de acordo com dados do Inpe. O Corpo de Bombeiros
está monitorando as áreas e estipulou punições que variam de multas de
R$ 300 a R$ 1 mil por hectare queimado, além de prisão por crime
ambiental.
"Os responsáveis também podem ser punidos por dano ao patrimônio
público e privado", afirmou o coronel Manoel Santos, comandante-geral do
Corpo de Bombeiros. Desde o início do ano, o Estado registrou 2 mil
focos de queimadas. A expectativa é de que as ocorrências continuem por
causa do tempo seco.
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