Da Síndrome do
Comodismo e da Resignação de que padece a nossa sociedade
Por:
Diego Campos
Síndrome é o nome dado a todo
conjunto de sintomas/sinais associados a uma mesma doença/patologia, de
modo a definirem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica
(Wikipédia).
Comodismo, segundo o dicionário Houaiss,
é o “caráter ou modo de proceder do
comodista; preguiça, egoísmo”. Outros dicionários, especificam que o
comodista é “aquele que apenas cuida de
si, indiferente a tudo mais” e ainda, “a
pessoa que atende principalmente às suas comodidades”
Há portanto, que se explicar o
mais prejudicial comportamento diante de situações de injustiça: A Resignação.
Resignação, segundo o dicionário
Michaelis é “sujeição paciente às
amarguras da vida; conformação com a
dor física ou moral; paciência no sofrimento”
Feitos os esclarecimentos,
vamos ao mérito.
Ora, no modelo de sociedade no
qual somos formados, com acesso à educação e aquisição dos valores morais
estabelecidos, é simplesmente impossível, salvo em caso de limitações da
consciência por motivos de saúde ou de idade, que eu, você e qualquer ser
humano não perceba uma situação de injustiça.
Assim, cabe aqui questionarmos,
não a origem, nem o propósito da injustiça, mas tão somente a resposta dada pelos cidadãos
prejudicados, diante da conduta dos “maus”:
- Há quem se manifeste de
imediato, reprovando o ocorrido, e até mesmo busque reparação e aconselhando
outros a também fazê-lo.
- Há quem se julgue beneficiado
enquanto vê outros sendo prejudicados, pois nesta condição, consegue de alguma
forma, acreditar-se superior, e portanto, considera a injustiça praticada algo
CÔMODO.
- Há quem tome conhecimento, e
por algum motivo prefere apenas observar à distância, pois prefere se omitir de
comentar/agir, até porque acredita que a situação, tal como está, lhe permite
sobreviver. Não há fôlego pra ir à luta. Já que dá pra viver, então de uma
forma estranha, passam a ficar em RESIGNAÇÃO.
Ora, caros leitores, os
comportamentos acima citados, nada mais são do que SINTOMAS!
Assim, pelo quadro de sintomas,
o diagnóstico que eu declararia para a condição atual de uma grande parcela da
população, seria de “TORCICOLO MORAL”,
ou como preferir, uma nomenclatura para a sintomática: a Síndrome do Comodismo Resignação.
Explico: Quem já teve um
torcicolo, durante a noite, mesmo com toda a dificuldade para se acalmar diante
de tanta dor, acaba encontrando uma posição, por mais estranha e anatomicamente
impossível de dar conforto que seja, e nessa posição consegue sentir um
momentâneo alívio, que na maioria absoluta das vezes, faz com que a pessoa até
mesmo desista de buscar socorro médico, até mesmo dizendo:
-
“Ah, não preciso de remédio nem de médico mais não, assim não tá doendo muito, desse jeito acho que a dor
passa, daqui a pouco estou bem”.
Ou seja, atualmente, as pessoas
conseguem encontrar uma “posição de falso conforto” frente a situações de clara
afronta aos direitos constitucionalmente garantidos.
Cabe também refletirmos sobre
algo lógico: síndrome não é doença,
é uma condição, e condições devem
ser viáveis para a manutenção do
pleno funcionamento da sociedade.
Sendo assim, esse comportamento
Comodista, de Resignação só nos mostra o quanto distantes estamos do ideal de
amor ao próximo, de justiça igualitária.
E então, você vai se INDIGNAR E
MANIFESTAR JUSTIÇA em favor de todos, vai ser um COMODISTA em favor do seu
umbigo, ou vai se RESIGNAR em favor de ninguém e desfavor de todos?
Fica a reflexão!
Diego Campos.
Para
pensar mais:
Um exemplo curioso, mas real é
o da Síndrome de Estocolmo, que é um estado psicológico particular
desenvolvido por algumas pessoas que são vítimas de sequestro.
A síndrome se desenvolve a partir de
tentativas da vítima de se identificar com seu captor ou de conquistar a
simpatia do sequestrador.
A síndrome pode se desenvolver
em vítimas de sequestro, em cenários de guerra, sobreviventes de campos de
concentração, pessoas que são submetidas a prisão domiciliar por familiares e
também em vítimas de abusos pessoais, como mulheres e crianças submetidas a
violência doméstica e familiar. É comum também no caso de violência doméstica e
familiar em que a mulher é agredida pelo marido e continua a amá-lo e
defendê-lo como se as agressões fossem normais.