quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A intransigência do ser humano

Que o ser humano se julga o dono deste planeta ninguém duvida. O homem soube dominar os animais, se aproveitar da fauna, desenvolver instrumentos e descobrir que não há limite para as mentes mais privilegiadas. O resultado disto é um mundo avançado tecnologicamente, cheio de conforto e comunidade para os mais privilegiados.
Porém, nem a mais avançada tecnologia é capaz de conter os impulsos bestiais escondidos no recôndito da mente de algumas pessoas despreparadas que até hoje não conseguiram aprender que para a sociedade viver em harmonia é necessário haver solidariedade, tolerância e sobretudo respeito ao próximo.
Recentemente, alguns fatos nos remetem à epoca da Inquisição, quando uma simples desconfiança ou uma opinião discordante eram suficientes para jogar os suspeitos em masmorras úmidas enquanto os indigitados aguardavam o momento de serem torturados e confessarem até mesmo o que não sabiam.
Pois bem, vimos que os Torquemadas modernos estão por todo o canto. Depois de um período de trevas, onde muitos brasileiros foram torturados apenas porque discordavam dos atos do governo na época da ditadura militar – alguns pagando até mesmo com a morte -, eis que ressurge a mesma intransigência contra aqueles que ousam pensar diferentemente daquilo que pensam certas pessoas.
Os atos de protestos contra a blogueira cuban Yoani Sanchez demonstraram que uma pequena parcela de intransigentes quer fazer prevalecer suas ideologias e suas mensagens, impedindo que outras pessoas manifestem-se contra o seu modo de pensar.
Além de ser uma falta de educação absurda, os novos inquisidores convocaram outros manifestantes para gritar contra a blogueira. Detalhe: a maioria sequer esteve em Cuba, desconhece como funciona o sistema de governo dos irmãos Castro e repete como papagaio a cantilena de que o país é vítima do imperialismo ianque. Ninguém quer saber que a ilha caribenha é mal administrada, as pessoas vivem na pobreza, com pouca liberdade e falta de perspectivas. O importante não é o fato, mas, sim, a versão.
Vivendo por uma década e meia na Flórida, é fácil entender porque os cubanos querem vir para cá em vez de ficarem passando dificuldades num local onde o futuro lhes é sombrio. De nada adianta ter educação e saúde acessíveis se à população é negada o desejo de progredir.
Os intransigentes (olha eles aí de novo) podem acusar-me de ser arauto do capitalismo contra o socialismo moreno, seja lá o que for isto. Mas a verdade é que neste período em que moro aqui nunca vi ninguém improvisar pequenos barcos para atravessar o perigoso Estreito da Flórida, infestado de tubarões, para desembarcar em praias cubanas, como ocorre frequentemente na direção inversa. Nem mesmo os haitianos, que padecem no país mais pobre do hemisfério, querem ir para lá. Preferem EUA, Brasil, República Dominicana...
Em tempo: assim como a própria Yoani Sanchez, sou totalmente contra o bloqueio econômico dos Estados Unidos a Cuba. Acho que este instrumento pode ter tido sua utilidade, mas hoje carece de eficácia e serve apenas para que os governantes cubanos encubram suas incompetências com desculpas esfarrapadas. E, no final, quem sofre é mesmo o povo cubano e não os dirigentes, acostumados a viver confortavelmente.
Outro episódio significativo da intransigência verificou-se em um campo de futebol. Desta vez, no altiplano boliviano, mais exatamente na cidade de Oruro, onde Corinthians, atual campeão mundial, e San Jose, da Bolívia, faziam sua partida de estreia na Taça Libertadores da América 2013.
A troca de impropérios entre torcedores rivais fez com que alguns torcedores corintianos destemperados lançassem sobre a torcida do San Jose um sinalizador marítimo causando a morte de um jovem boliviano de apenas 14 anos.

Esse é somente mais um epdisódio na imensa lista de vítimas de brigas entre torcidas, sem que sejam tomadas medidas efetivas para coibir efetivamente estes abusos. Brigas entre torcedores não é privilégio de sul-americanos e de brasileiros em particular. Os europeus também cometem seus excessos e entoam cantos racistas contra negros demonstrando total falta de esportividade. Mas, ao contrário da leniência vista nos estádios sul-americanos, as punições são exemplares e os clubes que os torcedores violentos representam são punidos também com banimento de competições esportivas. Pelo menos, a Conmebol instituiu como pena a proibição da torcida corintiana acompanhar os jogos da equipe na competição. Pena que os dirigentes querem reverter, é claro.
Ou seja, as torcidas organizadas, com seus cânticos e seus slogans, acabam simbolizando exércitos paramilitares que buscam a vitória a qualquer preço e veem nos torcedores adversários inimigos a serem trucidados.
Urge, pois, a extinção destes exércitos paramilitares travestidos de torcidas que semeiam morte e destruição dentro e fora dos estádios.

 autor deste artigoAntonio Tozzi

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