Praticamente todos os dias a gente lê nas colunas
especializadas que essa ou aquela emissora de TV trocou programas de
horário ou até acabou com eles repentinamente, depois de prometer
maravilhas antes da estréia, numa prova de que respeito ao público é
coisa que não existe, se é que o público há, porque são essas as que dão
traço, ou quase isso, de audiência.
Hoje mesmo, leio que o programa “Se liga Brasil”, da
Rede TV, que segundo análise da mídia, não conseguiu decolar, terminou
melancolicamente do mesmo jeito que começou. Ninguém soube ninguém viu.
Para dirigir o programa, contrataram Marcelo Bonfá,
um jornalista competente com quase 20 anos, mas, como diz o ditado, “uma
andorinha só não faz verão” e o Brasil "não ligou" com a atração
matutina da Rede TV!.
Apesar de não ser novidade esse jogo de empurra e
puxa de programas e profissionais, essas emissoras, vistas como
“menores”, parece que perderam a vergonha. Usam seu espaço como um
laboratório de testes, e sem nenhum pudor colocam e tiram do ar
programas que mal chegaram a esquentar o lugar. Um dia anunciam uma
genialidade, como se isso existisse em televisão, onde nada se cria e
tudo se copia, no outro dia, rua com a atração e com profissionais. E o
público, oh!
Um samba do crioulo doido que deixa todo mundo
descrente com o futuro dessas emissoras, que ninguém sabe como estão
ainda vivas, pois só anunciante trouxa paga para anunciar em empresas
ditas de comunicação de massa que mal conseguem se comunicar. Enquanto
isso, seus donos estão por aí, andando de jatinhos privados, construindo
mansões e comprando imóveis em Miami ou Nova Iorque.
Isso é lamentável num país que galgou uma posição de
destaque no cenário mundial e é tido como a mais sensual e simpática
potência econômica em ascenção dos últimos tempos. O Brasil está na moda
no exterior, com as celebridades internacionais abrindo espaço em suas
agendas para se apresentarem nas grandes cidades brasileiras.
Mas em matéria de TV é um fiasco, salva-se a Globo,
infelizmente, porque é a única que guarda respeito ao telespectador e
aos seus profissionais, apesar do conteúdo duvidoso de seus programas
jornalísticos e de sua novelas.
Quando disse acima “infelizmente” estava pensando em
uma porção de gente que conheço que deixou de ver televisão a partiu
para outras mídias, porque, não gostando da Globo, ficou sem opção na
TV. Sem concorrência, a ditadura global segue em sua marcha triunfal sem
ser incomodada pelo resto. Resto mesmo, no sentido de lixo de conteúdo.
E os que ainda estão viciados na Globo partem do princípio inconsciente
de que “lixo por lixo, prefiro um lixo mais bem acabado”.
E o mercado publicitário, como se situa nessa "zorra
total"? Pergunto, se você fosse um anunciante colocaria seu dinheirinho
num programa de TV que você não sabe se vai acabar em um mês? Claro que
não, os anunciantes correm para a Globo por todas as razões expostas até
aqui.
Outra pergunta. E como as chamadas emissoras de baixa
audiência sobrevivem? É aí que entram os telepastores. Eles têm tanto
dinheiro que pagam o preço que for para ocupar o horário nobre dessas
TVs. Antigamente, todo mundo se lembra, religiosos ocupavam os horários
de menor audiência, geralmente nas madrugadas ou bem cedinho.
Agora não, os pastores mais ricos do país, uns cinco
ou seis listados pela Forbes, chegam com a mala cheia e negociam o
horário nobre sem a menor cerimônia. Mas como TV ainda é um “grande
negócio”, apesar de tudo, quem está fora não entra e quem está dentro
não sai. “Fatores políticos” é que mandam na distribuição de canais. Mas
essa é outra história.
Texto de Leila Cordeiro
Texto de Leila Cordeiro