Começa hoje (8) o julgamento dos acusados pela morte de 111 detentos
na Casa de Detenção do Carandiru. O júri popular está marcado para as
9h, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. O juiz
designado para o caso é José Augusto Nardy Marzagão, da Vara do Júri de
Santana.
Devido ao grande número de réus envolvidos, o julgamento será feito em
etapas. A previsão é que a primeira dure entre uma e duas semanas. Na
primeira fase, 26 réus serão julgados (seriam 28 policiais, mas dois
deles já morreram), aos quais são imputadas 15 acusações de homicídio
qualificado. Serão julgados, no total, 79 policiais militares.
O maior massacre do sistema penitenciário brasileiro ocorreu no dia 2
de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram
feridos durante a invasão policial para reprimir uma rebelião no
Pavilhão 9 do Presídio do Carandiru (como ficou conhecida a Casa de
Detenção), na capital paulista, já desativado. Três prédios do complexo
foram demolidos para construção de um parque. Os outros vão abrigar
centros educacionais.
Os réus que estarão sendo julgados são os policiais militares que
entraram no segundo pavimento do presídio, onde foram mortos 15
detentos. O julgamento dos demais réus ainda não foi marcado, mas
prevê-se que ainda haverá mais cinco ou seis blocos de julgamento. A
expectativa é que novos julgamentos sejam marcados a cada três meses.
O processo é um dos maiores da Justiça de São Paulo, com 57 volumes de
autos principais e mais de 90 apensos, além dos documentos de autos
desmembrados, perfazendo um total de mais de 50 mil páginas.