sábado, 29 de junho de 2013

Quem não sabe brincar não brinca


Os fatos  que estão movimentando o cenário político do país só contribuem para robustecer  a convicção  de que a rua é do povo, livre para manifestar suas ideias e reivindicações. E merecem, é claro, muitas reflexões.

Comecemos pela  vaia no Mané Garrincha.   Penso  que muitos equívocos estão sendo cometidos a propósito da Copa do Mundo no Brasil. Ela poderia , sim, ser uma festa para o povo brasileiro se, efetivamente, estivesse voltada para o povo, mas não do jeito que é concebida, segundo o malfadado “padrão FIFA”.  Dilma recebeu a vaia classe “A” das elites embranquecidas presentes à “festa” na inauguração da Copa das Confederações porque aquela não era nem jamais poderia ser a sua gente, que, aliás,  não foi convidada para a festa. Simples assim:  vaiaram Dilma aqueles que não votaram nela e que insistem em desconsiderar o resultado das urnas.
Já as manifestações de rua  têm  uma complexidade maior. É impossível deixar de reconhecer sua expressividade como movimento de jovens  idealistas da classe média, embora se possa  enxergar que,  em meio a um mar de reivindicações díspares, grande parte deles não saberia explicar em profundidade por que estão nas ruas...
É claro, porém,  que o movimento não surgiu do nada.  Tenho muitos alunos de postura consciente,  que dele participam ou a ele são simpáticos . Por outro lado, há também    uma difusa manifestação tribal em que internet, aliada à natural tendência contestatória dos jovens, propiciou os encontros e as palavras de ordem que se espalharam pelo país.  Palavras, aliás, que a mídia manipulou, selecionou, editou e divulgou ao seu bel prazer, ou melhor, segundo suas conveniências, fazendo um jornalismo traiçoeiro, como sempre, provavelmente optando por tomadas aéreas para evitar o dissabor de ter que divulgar o que não interessava....  
Não cabe  censurar os jovens, mesmo  que, talvez, estejam embarcando em algumas canoas furadas. É bem melhor essa  sua manifestação do que o habitual cultivo dos seus umbigos. Muitos deles, seguramente, aprenderão nas ruas a verdadeira cidadania.  Cidadania que nada tem a ver com os depredadores  – horda que engloba  fascistas , marginais, histéricos e ladrões – cujas ações falam por si , mas que  também não saíram do nada. No caso, quem pariu Mateus que os crie.. 
O pessoal do passe livre, que obteve sucesso em suas reivindicações, agora denuncia a presença da direita no movimento e declara sua retirada das ruas. Mas não nos iludamos: continuarão em ação, agora, os golpistas de sempre que, com o apoio de mídia conhecida, apostam claramente   todas as suas fichas no caos, indiferente aos males que poderão advir para o país em termos globais.
Alguns jornalistas e “especialistas” de plantão, não sei se intelectualmente incompetentes ou deliberadamente mistificadores, agem e falam  como se vivêssemos aqui as crises do Egito, da Turquia, da Espanha e de tantos outros desastres econômicos ou sociais. Atuam no interesse de seus patrões e  no sentido do “quanto pior melhor”, insinuando, sempre que possível, que o movimento se volta contra o Governo federal.  Alguém, em sã consciência, acredita que o povo brasileiro, no geral,  repudie um Governo  que, dois dias antes, tinha aprovação da maioria?   
Tem havido uma tentativa permanente - crápula, mentirosa  - de transformar  a realidade brasileira em um caos fictício, que envolve uma falaciosa luta contra a inflação (no fundo ardentemente desejada) e uma falsa defesa da economia (que querem ver arrasada), como forma de recuperar o poder para o pessoal da classe que vaiou Dilma. Essa turma vê,  no aproveitamento das manifestações de rua, a possibilidade de um golpe branco, partindo, como sempre, de um  combate à corrupção,  que historicamente tem servido à direita como palavra de ordem que sabemos hipócrita, pois só se volta para os adversários e, convenientemente,  esquece as falcatruas dos seus próprios componentes.    
Mas quem não sabe brincar não devia brincar. Anselmo Gois talvez esteja antevendo isso quando diz, em sua coluna que “o perigo é transformar uma limonada em um limão”. Resta  saber perigo para quem...
Dilma Roussef  fez, a meu ver, um convincente discurso de estadista sobre o assunto. Ao abrir o diálogo com os manifestantes, repudiar o vandalismo e  convocar  toda a classe política para um pacto que envolva compromissos concretos com a pauta social, assume as posturas que se esperam de quem detém o apoio popular. E Dilma – não se enganem -   não é Fernando Collor. É óbvio que, a continuar a coisa como está, estarão nas ruas outros atores importantes. E eles virão, se houver radicalizações golpistas, para expressar a manutenção de  suas conquistas e contra o golpe. E para fazer outras reivindicações, que talvez não agradem aos homens da mídia. Dilma– que, aliás, possui nas ruas o seu DNA  -  não tem por que fugir das praças, mas incorporá-las como espaço de grandes manifestações, reivindicações e mesmo decisões. Isso se chama democracia participativa, em muitos casos mais efetiva que a representativa, quando esta tem como móvel o fisiologismo político.  É muito melhor estar no meio do povo do que ir às festas da elite para ouvir vaias ou alimentar os golpistas com polpudas verbas de publicidade...

 artigoRodolpho Motta Lima

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