da Agência Brasil
Brasília - A violência contra os jovens brasileiros aumentou nas últimas três décadas de acordo com o Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil,
publicado hoje (18) pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela),
com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do
Ministério da Saúde. Entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e
violentas de jovens – como acidentes, homicídio ou suicídio –
cresceram 207,9%. Se forem considerados só os homicídios, o aumento
chega a 326,1%. Dos cerca de 34,5 milhões de pessoas entre 14 e 25 anos,
em 2011, 73,2% morreram de forma violenta. Na década de 1980, o
percentual era 52,9%.
“Hoje, com grande pesar, vemos que os motivos ainda existem e
subsistem, apesar de reconhecer os avanços realizados em diversas áreas.
Contudo, são avanços ainda insuficientes diante da magnitude do
problema”, conclui o estudo.
O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas
entre os jovens. A cada 100 mil jovens, 53,4 assassinados, em 2011. Os
crimes foram praticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Os acidentes
com algum tipo de meio de transporte, como carros ou motos, foram
responsáveis por 27,7 mortes no mesmo ano.
Segundo o mapa, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa
etária demonstra a omissão da sociedade e do Poder Público em relação
aos jovens, especialmente os que moram nos chamados polos de
concentração de mortes, no interior de estados mais desenvolvidos; em
zonas periféricas, de fronteira e de turismo predatório; em áreas com
domínio territorial de quadrilhas, milícias ou de tráfico de drogas; e
no arco do desmatamento na Amazônia que envolve os estados do Acre,
Amazonas, de Rondônia, Mato Grosso, do Pará, Tocantins e Maranhão.
De acordo com o estudo, a partir “do esquecimento e da omissão
passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um pequeno
passo para a repressão e punição”. O autor do mapa, Julio Jacobo
Waiselfisz, explicou à Agência Brasil que a transição
da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no modelo de
crescimento nacional, com uma descentralização econômica que não foi
acompanhada pelo aparato estatal, especialmente o de segurança pública. O
deslocamento dos interesses econômicos das grandes cidades para outros
centros gerou a interiorização e a periferização da violência, áreas não
preparadas para lidar com os problemas.
“O malandro não é otário, não vai atacar um banco bem protegido, no
centro da cidade. Ele vai aonde a segurança está atrasada e deficiente,
gerando um novo desenho da violência. Não foi uma migração meramente
física, mas de estruturas”, destacou Waiselfisz.
Nos estados e capitais em que eram registrados os índices mais altos
de homicídios, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve redução
significativa de casos, devido aos investimentos na área. São Paulo,
atualmente, é o estado com a maior queda nos índices de homicídios de
jovens nos últimos 15 anos (-86,3%). A Região Sudeste é a que tem o
menor percentual de morte de jovens por causas não naturais e violentas
(57%).
Em contraponto, Natal (RN), considerado um novo polo de violência, é
a capital que registrou o maior crescimento de homicídios de pessoas
entre 15 e 24 anos – 267,3%. A região com os piores índices é a
Centro-Oeste, com 69,8% das pessoas nessa faixa etária mortas por
homicídio.