Segundo
fonte muito próxima ao senador, José Sarney teria partido de Macapá, na
quinta-feira, 19, extremamente aborrecido com a fragmentação de seu
grupo político no Estado.
Além da relutância do antigo aliado Davi Alcolumbre (DEM) em manter a
sua candidatura ao Senado, que lhe tira votos na base eleitoral, Sarney
estava descontente com o fracionamento do grupo político que lhe tem
dado sustentação política no Estado, conhecido como “harmonia entre os
poderes”, ou simplesmente “grupo da harmonia”, composto por políticos,
empresários e outras autoridades, que foram apeados do poder nas
eleições de 2010, com a eleição ao governo do socialista Camilo
Capiberibe (PSB/AP), e que, até pouco tempo, eram comandados pelo
ex-governador Waldez Góes, que foi preso – juntamente com as outras
autoridades – pela Polícia Federal na operação “Mãos Limpas”.
Outro motivo do agastamento de Sarney, que está há 50 anos no poder
no Maranhão, sendo o principal responsável pela miséria e por fazer o
estado o mais atrasado da federação, é a radicalização do PT local em
relação à sua presença política no Estado. Mesmo com interferência de
alguns membros da direção nacional, que tem simpatia pelo senador, os
petistas amapaenses não abrem mão de seguir com o PSB nestas eleições. A
vice-governadora Dora Nascimento (PT/AP), que é pré-candidata ao
Senado, diz com todas as letras e para quem quiser ouvir que com Sarney
não tem acordo.
Mas a gota d’água para a desistência do velho oligarca teria sido o
conhecimento antecipado dos resultados da pesquisa de intenção de votos
realizada pelo Ibope no Amapá. A pesquisa foi anunciada pelos seus
próprios aliados da mídia amapaense, inclusive noticiaram a data do
fechamento de seu campo, mas depois, estranhamente, informaram através
de uma nota lacônica que a tal pesquisa teria sido cancelada. Reza a
lenda que Sarney teria mexido os pauzinhos para que a pesquisa não fosse
divulgada.
Isso porque, nessa consulta entre os eleitores, Sarney, político mais
desgastado e odiado no país, teria visto tudo o que não esperava ver. O
seu crescimento nas intenções de voto para o Senado teria empacado,
enquanto as dos seus adversários teriam avançado. Inclusive, a própria
avaliação positiva do governador do Estado, Camilo Capiberibe(PSB), um
desafeto político histórico, teria crescido significativamente. O
senador octogenário teria vislumbrado, neste cenário, uma ameaça de
morte ao seu projeto de reeleição e teria resolvido jogar a toalha.
Um fato parece confirmar essa versão. Na edição deste domingo, 22, do
jornal A Gazeta, um periódico ligado umbilicalmente ao senador Sarney,
na coluna Gazetilha, o político maranhense, em tom de despedida, afirma
que “qualquer que seja a sua decisão sobre concorrer ou não ao cargo de
senador, continuará ajudando o estado a se desenvolver”. O curioso é que
as notas que falam do político maranhense têm o sugestivo titulo de “A
hora de Sarney”, como que a indicar uma “passagem” para outra esfera
política.
Sem dúvida, sem poder contar com as máquinas do Estado e do
município, que estão nas mãos de seus adversários políticos, com o grupo
esfacelado e ainda ter que se defender do fogo amigo, a campanha de
Sarney à reeleição seria um empreitada extremamente difícil de alcançar
êxito. Para quem já foi presidente da República seria um triste e
inglório fim. Melhor tirar o time de campo e ficar, de agora em diante,
na plateia. Doí menos.....
MZ Portal