A
mudança do futebol brasileiro não precisa passar pela Confederação
Brasileira de Futebol. Teixeiras, Marins e Del Neros são muito mais
sintomas do que causas da doença que fragiliza este esporte.
Os verdadeiros focos do problema estão nos clubes. É neles que deveria
começar a renovação, a mudança de postura e a coragem de acabar com
relações atrasadas e servis.
Uma liga forte e bem organizada, capaz de atrair para si as atenções da
Rede Globo, enfraqueceria a CBF a ponto de força-la a cuidar do que
realmente deveria ser sua única alçada: as seleções brasileiras.
Voltando aos clubes: fortes e arejados, eles passariam a encarar de
forma diferente suas categorias de base. Chega de treinadores
preocupados em servir aos agentes de atletas, e não ao futebol.
Precisamos voltar a formar bons laterais e meias modernos – e isso é
responsabilidade dos clubes.
E quanto ao atual cenário dos técnicos profissionais? Cabe aos clubes
(sim, sempre eles) exigir mudanças urgentes de seus contratados. Chega
de esquemas ultrapassados, cópias mal feitas do que se praticou na
Europa até os anos 90. Que se abra espaço para o novo, para treinadores
estrangeiros capazes de ensinar o que sabem.
Nada disso precisa passar pela CBF. Nada. O curso deste rio, cuja
nascente está nos clubes, levaria a uma seleção naturalmente mais forte,
treinada por alguém mais capaz do que aqueles que formam o atual
cenário.
Clube dos 13
Em 1987, nascia cheio de boas intenções o Clube dos 13. Porém, por ter à
frente os mesmos dirigentes de sempre (um de seus fundadores foi o
são-paulino Carlos Miguel Aidar, hoje advogado da CBF, veja só vocês),
logo se tornou apenas um canal de negociação pelos direitos de TV. Ou
seja, uma entidade amigável e até subserviente ao poder dominante.
Assim, não foi difícil para Andrés Sanchez e alguns aliados minarem de
vez esta entidade. Hoje, os clubes estão ainda mais isolados, cuidando
individualmente de seus direitos e beijando as mãos de federações e de
dirigentes da CBF.
Papel do torcedor e do Bom Senso F.C.
Cabe a nós, torcedores, participarmos mais ativamente do processo
eleitoral dos clubes. Alguns já permitem que associados votem
diretamente nos candidatos. Outros ainda não se modernizaram a ponto,
forçando o voto em um “colégio eleitoral” de conselheiros.
Seja como for, as redes sociais estão aí para nos dar voz e poder de
participação. Escolha candidatos dispostos a trazer coisas novas e a
peitar a CBF e as federações locais. Simples assim.
Quanto ao Bom Senso F.C. seria interessante e inteligente buscar aliados
entre dirigentes e conselheiros dos clubes. É inócuo lutar por mudanças
diretas na cúpula da CBF, sem pensar nos clubes e federações.
Dá trabalho mudar o futebol. Assim como dá trabalho mudar um país.
Apenas reclamar é atitude semelhante ao do eleitor que xinga todo e
qualquer político, mas sequer se lembra em quem votou nas últimas
eleições.
*do blog Esporte Fino