quarta-feira, 18 de março de 2015

Pelo direito de ser contra ou a favor

Em Foco 1403
Escalada de atos contra o governo e polarização política criaram condições para que governistas também organizassem suas manifestações de rua. Na sexta-feira, os números variaram de acordo com organizadores e a Polícia Militar de cada estado, mas houve milhares de participantes. Tema do Em Foco do Diario de Pernambuco deste sábado, por Vandeck Santiago.

Um novo ciclo de protestos
A partir de ontem, com os atos pró-Dilma Rousseff realizados em 24 estados e mais o Distrito Federal, as manifestações de rua entraram em um novo ciclo. Agora teremos também os protestos a favor, o que parece um paradoxo, mas é um retrato da situação atual do país: protesta-se contra os que desejam a derrubada do governo, e a favor do governo.
Nas Jornadas de junho de 2013 os camisas vermelhas do PT e os governistas de diversas matizes não tiveram espaço para participar (foram rechaçados quando tentaram) nem ambiente para realizarem as suas próprias. Os protestos daquele ano não eram especificamente contra o governo; foram mais um grito de revolta por um Brasil melhor, indo do preço das passagens, estendendo-se até a corrupção e passando pela necessidade de serviços públicos de boa qualidade.
A partir dali os protestos tornaram-se fragmentados, promovidos por grupos ou categorias – mas mesmo aí o espaço para os pró-governo era inexistente. Veio a eleição e logo em seguida começaram os atos contra a presidente reeleita. A sequência disso é a manifestação programada para amanhã, em todo o país, pedindo o impeachment de Dilma.
A ofensiva dos protestos contra o governo acabou criando as condições objetivas para que os defensores desse mesmo governo também viessem às ruas (antes houve pelo menos um pequeno ato significativo: o do dia 24 de fevereiro, no Rio, em defesa da Petrobras, no qual Lula afirmou “a gente quer paz e democracia, mas, se eles não querem, nós sabemos brigar também”. Com a presidente em situação de desgaste, Lula acabou sendo o principal mobilizador dessa nova fase).
No novo ciclo das manifestações, teremos agora marcha contra e marcha a favor de Dilma, com algumas nuances (ontem no ato em São Paulo, por exemplo, o presidente da CUT, Vagner Freitas, criticou a política econômica do governo, dizendo que os ajustes que estão sendo feitos representam a “a agenda do Aécio Neves”, e que esta “foi derrotada nas eleições”). No Recife as manifestações tiveram mil pessoas, segundo cálculos da PM, ou cinco mil, de acordo com os organizadores. Em São Paulo foram 12 mil para a PM e 100 mil para os organizadores. Creio, porém, que o menos importante neste momento é o número de participantes; o que conta é que os pró-governo saíram da inércia e conseguiram ir às ruas. Esse tipo de coisa tende a seguir num crescendo; hoje você reúne 10, a polarização se mantém e amanhã você já pode colocar 20.
Caso este fenômeno das marchas a favor e contra se consolide, o que pode acontecer? Aí pode virar ostensivamente uma briga governo x oposição – e se isso acontece o mais favorecido é o governo, porque o fermento mais precioso hoje para os protestos contra Dilma é fazer com que eles sejam representativos “da sociedade” e não “partidarizados”. É mais ou menos assim: se os protestos virarem uma disputa PT x PSDB, o governo se beneficia; se virarem uma polarização “população insatisfeita x Governo”, aí o governo terá fortes motivos para preocupar-se.
Vandeck Santiago  (texto)
Nelson Almeida/AFP  (foto)

Influencer acusada de estelionato no Piauí é presa com caminhonete roubada em Açailândia

Letice Maria Sousa Colasso já havia sido presa pela Polícia Civil do Piauí por estelionato Letice Maria Sousa Colasso, uma influeciadora que...