quarta-feira, 20 de maio de 2015

"Morreu por Nada"


Tenente Ramos, morto a tiros em São Luís (MA) (Foto: Arquivo Pessoal)
A morte do tenente Gilvan Roque Araújo Ramos, 30 anos, é mais um desse crimes que provocam comoção popular. E alguém, na capa de um jornal, escreveu, antecedendo a manchete, a instigante frase “Morreu por nada”. E não são poucos os que estão morrendo, não por nada, em São Luís e nas diversas capitais brasileiras.
Presos, as fotos dos assassinos nos jornais deixam evidente que eles haviam se drogado furiosamente. 

O nada, então, deixa de ser nada, porque passa este a ser mais um homicídio debitado ao tráfico e ao consumo incontrolável de alucinógenos. Drogas cada vez mais poderosas, cada vez mais químicas e cada vez mais baratas estão deixando parte da juventude em estado de alucinação permanente e capaz de todo e qualquer crime para adquirir essas substâncias malditas. Jovens transformados em monstros sem alma que matam por prazer.
Pior: essa gente não tem idade, não tem sexo, não tem classe social e está armada nas ruas até os dentes, o que nos leva a deduzir que a resposta do Estado a essa epidemia de consumo de alucinógenos não está sendo eficiente. O Estado gasta fortunas no tratamento de drogados, mas já deu para perceber que não há espaço nem recursos para tratar todos eles. Igrejas e entidades da sociedade civil, organizações filantrópicas se esforçam para contribuir de alguma forma para por fim à escravidão das drogas, mas todo movimento nesse sentido parece inútil. Um número cada vez maior de adolescentes, jovens e crianças encontra nas drogas uma espécie de paraíso infernal.
As famosas “Bocas de Fumo” se espalham por todos os cantos em proporção assustadora, armas chegam inexplicavelmente nas mãos dos bandidos e essa terrível mistura de lucro fácil e imediato com escravidão mental às drogas detona a juventude do país.
No Brasil, já foi mostrado muitas vezes que a juventude se mata em praça pública para engordar os lucros do crime organizado. Pessoas cada vez mais jovens se transformam em assassinos e vão deixando pelo caminho vítimas e vítimas inocentes que, como o tenente Gilvan, morrem por nada. Em São Luís, não há dia em que não se confiram cadáveres no entorno do tráfico de drogas.
Já é hora do Estado rever sua política de segurança no trato com o crime organizado e com o consumo exagerado de substâncias químicas. Não se pode confundir vítimas doentes do consumo de drogas com assassinos implacáveis que sentem prazer em matar. Falam muito em políticas públicas, políticas de prevenção, na participação do Estado nas comunidades dominadas pelo tráfico, mas, enquanto nada disso acontece, 50 mil jovens caem crivados de balas em praça pública todos os anos; enquanto nada disso acontece, milhares de pessoas são assassinadas em pequenos assaltos porque alguém precisa de dinheiro para comprar crack ou cocaína.
E a realidade que sobra de tudo isso é o genocídio, o horror de populações em pânico, com medo de sair nas ruas, com medo de estar em qualquer lugar. Nossa esperança é que o tenente Gilvan não tenha sido mais um a morrer por nada e que seu assassinato sirva para que o Estado entenda que já é hora de agir com mais rigor contra o crime organizado. (Editorial do Jornal Pequeno)

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