A foto foi publicada no Facebook e
provocou revolta em muitas pessoas, principalmente católicas, por
mostrar quatro jovens evangélicos fazendo o sinal negativo com o polegar
num presépio montado em local público em São Raimundo Nonato (PI).
Independentemente da antiga polêmica entre católicos e protestantes
(hoje chamados de "evangélicos") sobre a adoração (ou não) de imagens de
escultura, o fato revela pelo menos duas coisas que saltam aos olhos ao
analisar essa atitude.
A primeira é a ignorância histórica,
fruto - provavelmente - da falta de educação que grassa no país. O
presépio foi uma criação de São Francisco de Assis no começo do século
XIII, portanto há quase 800 anos, e inicialmente não era feito com
estátuas, mas com pessoas simples do povo, camponeses que - também
devido à falta de educação - não tinham capacidade de compreender a
riqueza de significado das histórias bíblicas. Depois é que, dada a
dificuldade de se reunir tanta gente para a encenação naqueles tempos,
se passou a utilizar estátuas de argila, consagrando-se a forma e o uso
do presépio como o vemos até hoje, o que é muito mais uma manifestação
cultural do que religiosa, já que ninguém se ofende ao ver presépios
montados em clubes ou shoppings, por exemplo. Eles evocam o espírito do
Natal, o que - cá entre nós - é sempre um ótimo pretexto para
evangelizar quem quer que seja.
Em segundo lugar, a atitude intolerante
dos jovens da foto, descontando a sua pouca idade e experiência, revela o
quanto se incute nos evangélicos brasileiros esse espírito de briga de
torcida organizada na saída do estádio, essa coisa barata e demoníaca do
"nós contra eles", da incapacidade de conviver com o outro respeitando
as diferenças, do termos que defender nosso time nossa denominação com
dedões, unhas e dentes, primeiro contra católicos, espíritas, etc., e
depois contra gente que também se diz "evangélica".
Ao contrário do verdadeiro espírito
cristão do servo (Mateus 20:27), que se julga (e age) como o menor da
sua comunidade, o discurso triunfalista de muitos "pastores" tem
produzido hoje em dia os super-evangélicos todo-poderosos que se acham
melhores do que todo mundo, e portanto se sentem no direito de apontar o
dedão da mão pra baixo como se fossem césares (ou a plebe torcedora)
decidindo o destino dos gladiadores nas arenas romanas d'antanho. Triste
e vergonhoso assim.
FONTE: Blog do Igoralexandrealex95.blospot.com